Editorial
Os Anos 80 são um período de transição da sociedade portuguesa, ainda a recuperar das profundas transformações dos anos 70, plenos de revolução e de novas identidades.
Portugal tinha vivido durante décadas no marasmo intelectual do Estado Novo: um país fechado, definido por papéis sociais rígidos que não permitiam um desvio de norma ou a inovação individual. Os anos 70 dedicaram-se a quebrar esse marasmo e a destituir todas as ideias que vingavam opressoras do dia-a-dia do cidadão comum. Essa quebra deixou um vazio identitário na sociedade portuguesa que iria ser preenchida durante os anos 80.
Não podemos afirmar que a nova identidade portuguesa tenha sido criada nos anos 80: a multiplicidade de formas de apresentar o que é ser português não encontrou uma unidade. Mas esta década serviu para apresentar as múltiplas possibilidades de expressão que poderiam apresentar o ponto comum de identidade nacional.
A banda sonora que se separou é integralmente dos anos 80: desde os 81 dos Taxi até aos recentes Madredeus e Mão Morta de 89. Muitas bandas iriam continuar a sua influência até ao ano 2000, outras desapareceriam após um dois albums mas ficariam irremediavelmente ligadas à década.
A música é apenas uma das vertes da transformação cultural dessa época: romances como o Memorial do Convento ou obras arquitectónicas como o Centro Comercial das Amoreiras iriam criar marcos da transformação e evolução dessa década. Marcam o compasso doutros eventos, políticos e sociais que marcariam toda uma década de Portugal.
Não se pode afirmar que a música tenha definido o que é ser português tenha sido definido nessa época: movimentos mais específicos de punk poderiam criar a vontade de revolta e de mudança, um pós-revolução dos cravos de tudo aquilo que ainda não tinha ficado resolvido. Ou os movimentos sebastianistas podiam criar algum sentimento de identidade nacional, mas mantiveram-se presos a ideias antigas e ainda demasiado reminescentes de tudo aquilo que os anos 70 tinham tentado apagar. E por fim, alguns movimentos modernistas poderiam trazer ideias novas, mas nunca criaram um bloco consistente.
É essas ideias modernistas, ou pós-modernas, que se vai tentar organizar neste projecto. Tentar perceber que ponto em comum de identidade nacional, do novo português que foi criado depois de Abril, que existiu ao longo da década de 80. Se ficou como substracto do que agora existe ou se desapareceu com a espuma dos dias é algo que ficará à consideração desta viagem que vai agora começar.
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